quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Mesmo na incerteza, cenário é positivo

Mesmo na incerteza, cenário é positivo
A crise econômica internacional ainda assusta o Brasil e, mesmo com as incertezas, a tendência é de crescimento em 2012 e 2013. O que se espera é que o Brasil e o Ceará não sofram tanto os efeitos das turbulências
Por PAOLA VASCONCELOS e PAULO ARAÚJO

Em agosto de 2011, o Poder Executivo enviou proposta orçamentária ao Congresso Nacional com previsão de crescimento de 5% em 2012. Depois dos abalos causados pela crise econômica europeia no mundo e de pacotes de incentivo ao consumo interno para amenizar seus efeitos, as estimativas do próprio governo brasileiro estão mais modestas, permeadas de “poréns”, sem, no entanto, serem negativas.
Caso os cofres europeus não sofram novamente um quadro mais grave, a expectativa do Ministério da Fazenda é que a economia brasileira cresça entre 4% e 5% em 2012, mantidos os parâmetros atuais. Tal ritmo, segundo o ministério, será sustentado mesmo com a permanência do superávit primário de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) e a meta central de inflação de 4,5%.
A própria presidente da República, Dilma Rousseff, repetiu várias vezes que acredita que o Brasil não será afetado pela crise europeia. Aposta no mercado interno para isso, mas, nos últimos momentos do ano passado, pregou sobriedade. Apesar do bom prognóstico de economistas e especialistas da área, que acreditam que 2012 e 2013 serão anos de crescimento, na indústria os empresários estão cautelosos.
A pesquisa Investimentos na Indústria, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no início de dezembro, aponta que a crise externa é o principal risco aos investimentos das empresas em 2012. Para 75,7% dos empresários, as incertezas em relação ao desempenho da economia mundial podem comprometer os planos de expansão futuros. Em 2011, 42,2% das empresas adiaram ou cancelaram investimentos, principalmente por causa das turbulências econômicas.
Além da crise, as empresas estão sentindo o acirramento da concorrência. Por isso pretendem aumentar os investimentos em inovação e ganhar competitividade. No próximo ano, 20,9% das empresas têm como principal foco dos investimentos a criação de produtos. O alvo de 11,6% dos empreendimentos será a implantação de novos processos. Neste ano, a criação de produtos foi o principal destino dos investimentos de 12% das empresas. A inovação em processos era a prioridade de 6,3% das indústrias. A CNI mostra que, mesmo com a crise, os empresários brasileiros estão otimistas, com 86,6% pretendendo investir em 2012. O percentual é próximo ao registrado neste ano, no qual 88,7% aplicaram recursos na ampliação das fábricas e melhoria de processos e produtos.
O que acontecer no cenário internacional, inevitavelmente atingirá o Brasil e, por consequência, o Ceará. Mas o Brasil pode se considerar numa posição estratégica porque a economia está fortalecida e o país preparado para possíveis baixas. O próprio ministro Guido Mantega mantém o otimismo, entendendo que o Brasil tem condições de reagir à crise e neutralizar os seus resultados.
Conforme o coordenador da Unidade de Economia e Estatística do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI), instituição ligada à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), economista Pedro Jorge Ramos Vianna, caso não ocorra um agravamento da crise econômica mundial, o ano de 2012 pode ser melhor do que 2011 para a indústria cearense. “Isso se a Europa e o próprio Estados Unidos superarem o momento de crise. Espero que seja melhor porque, no Ceará, o papel do setor público é ainda muito importante para a economia. O governo estadual tem realmente feito grandes investimentos, com recursos próprios, um montante razoável entre 3 a 4 bilhões de reais. Além disso, há os recursos da Copa de 2014, ainda não gastos na sua totalidade. A perspectiva é que se gaste algo em torno de 7 a 9 bilhões de reais no Ceará”, diz Pedro Jorge.
Segundo o economista, 2012 e 2013 seriam os anos para aplicar esses recursos. Nesse período, o Ceará teria algo em torno de 10 bilhões de reais em investimentos, o que representa cerca de 14% do PIB de 70 bilhões de reais. “Isso é uma taxa de investimento muito elevada e com certeza fará com que a economia cresça”, diz Pedro Jorge.
Em nível nacional, ele destaca que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal ainda continua com um comportamento modesto, uma vez que, a cada ano, gasta-se entre 10% e 15% dos recursos. “Em 2012 e 2013, o PAC deverá deslanchar e os recursos serão implementados.” No setor industrial, explica o economista, é do mesmo jeito: “Se a economia cresce, a indústria cresce também. Ao entrar recursos na economia, significa consumo e também produção; portanto, a indústria aumenta. Quanto será não é possível aquilatar, mas, certamente, crescerá mais do que em 2011”.
A previsão é que os mais beneficiados sejam os setores da construção civil, mineral não metálico e metalúrgico. Se aumentar a renda da população (é o que se espera), o segmentos de calçados, vestuários e produtos alimentares também crescerão. “Talvez o mais beneficiado seja a construção civil, pelos investimentos em infraestrutura”, prevê Pedro Jorge.
Dentre as dificuldades que o Brasil e o Ceará podem enfrentar, em primeiro lugar está a crise internacional. Em segundo lugar, vêm as políticas cambial, fiscal e financeira do país, com juros muito elevados. “O Brasil terá de modificar essas três políticas para que o governo seja o indutor de um maior crescimento. Não tem sentido manter o câmbio como está nem a taxa de juros tão elevada. Espero que o Banco Central consiga reduzir. É claro que o Brasil vai ter de fazer o dever de casa”, destaca o economista do INDI.
Resistência brasileira
É impossível que a crise internacional não afete o Brasil e o Ceará. A opinião é do economista e empresário Fernando Castelo Branco Ponte, presidente do Conselho Temático de Economia, Finanças e Tributação da FIEC. “Para quantificar a dimensão dessa influência, é preciso ter uma bola de cristal porque o cenário é incerto”, diz. O investimento do governo, explica, ameniza os efeitos da crise e a indústria nacional, com a diminuição das exportações, pode desviar sua produção para o mercado interno.
De acordo com Fernando Castelo Branco, o Brasil está em boas condições para enfrentar as possíveis dificuldades e limitações que o cenário internacional impõe. “Os fundamentos da economia brasileira são favoráveis para que o país não fique estagnado. Por outro lado, em períodos de crises sempre surgem novas oportunidades de negócio. “Empresas de países capitalizados e com liquidez vão procurar mercados com retorno melhor”, considera.
Por causa da crise, os países europeus mais bem relacionados com o Brasil, sobretudo com o Ceará, como Itália, Espanha e Portugal, acrescenta Fernando Castelo Branco, podem reduzir seus negócios por um lado, mas, por outro, podem ensejar novas conquistas. “A ideia é que, se formos atingidos, possamos sair menos chamuscados.”
O empresário Fernando Cirino Gurgel, presidente da Durametal, destaca que, apesar de a crise afetar o mundo todo, o Brasil está mais protegido do que os países da América do Sul, Europa ou Estados Unidos. Para ele, o Ceará está em situação “razoável” e crescerá da mesma forma. No entanto, com os grandes investimentos em infraestrutura que o Brasil receberá nos próximos anos, o seu setor, o metal-mecânico, está bem aquecido. “São muitos pedidos de estruturas para caminhões e ônibus”, completa.
Para combater as dificuldades que a crise pode trazer, Fernando Cirino diz que o governo brasileiro deve fazer o tal do “dever de casa”. Isso significa, na sua visão, melhorar a qualidade do gasto público com o custeio da máquina e estabelecer prioridades, além de combater fortemente a corrupção. “É preciso que os governantes tenham juízo para que o país não seja prejudicado”, alerta.
Exportações
Em época de crise, todas as perspectivas em relação ao futuro estão associadas a incertezas. O prognóstico é do superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN), Eduardo de Castro Bezerra Neto, da FIEC. “Devemos levar em consideração que os governos dos países em crise e os governos dos que estão a ajudá-los procuram soluções para sair desse cenário. Não há como garantir se haverá sucesso ou insucesso. Todavia, não existe crise alguma na história que tenha sido infindável; todas têm um fim”, ressalta.
O Ceará, assim como o Brasil, está situado numa posição muito confortável no cenário econômico global, entende Eduardo Bezerra. “Isso porque o Ceará termina o ano de 2011 com um recorde nas suas exportações e não há indício de que em 2012 venha a ocorrer uma queda.” Ele acrescenta: “Vamos superar 1,3 bilhão de dólares em exportações. Estamos dentro do círculo virtuoso da economia brasileira”.
Apesar da crise internacional, o Ceará, segundo Eduardo Bezerra, deve manter o ritmo das exportações. Um dos motivos é o fato de seus produtos terem entrado em 12 novos países. “Isso em economia significa avançar em novos nichos de mercado. Como o Ceará é um estado responsável por apenas 0,5% das exportações brasileiras, vender valores pequenos em muitos países é que forma o valor global.” O comportamento das exportações brasileiras é bem concentrado. Os dez maiores estados exportadores do país comercializam 90% daquilo que o país exporta, enquanto que os 10% restantes são disputados pelos demais estados.
A criatividade do empresário cearense é algo que impulsiona a economia, conforme Eduardo Bezerra. Os empresários enxergam oportunidades e saem em busca de novos mercados. “O século 21 é da Ásia. E a Coreia já revelou interesses no Ceará. É também o momento de nosso estado expandir seus negócios para a América Central e o Caribe”, considera.
Para Eduardo Bezerra Neto, embora os analistas internacionais façam estimativas de que a crise da União Europeia deverá se prolongar por mais de três anos, o Ceará tem a probabilidade de são ser afetado e continuar expandindo as suas exportações.

Crescer 3,2% em 2012

Apesar do otimismo do governo federal, que prevê crescimento entre 4% a 5% em 2012, relatório semestral de perspectivas da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado no fim de novembro último, diz que a economia brasileira está experimentando um arrefecimento por causa da deterioração do contexto internacional e essa mudança se traduzirá em crescimento de 3,4% em 2011 e de 3,2% em 2012. As expectativas de crescimento são menores das que o mesmo organismo apresentou em maio, quando projetou uma progressão do PIB do Brasil de 4,1% em 2011 e de 4,5% em 2012.
Em um capítulo dedicado às economias emergentes, a OCDE, que prevê aumento do PIB do Brasil de 3,9% em 2013, destaca que a demanda interna será o motor da economia brasileira, graças à expansão do crédito e do aumento da receita do trabalho e, em menor medida, do investimento. Na avaliação do organismo, após as medidas de estímulo aplicadas para combater a crise em 2008-2009, a prioridade deve continuar sendo o ajuste fiscal. Ao mesmo tempo, confia que, apesar do “amplo aumento do salário mínimo” planejado para o próximo ano, os objetivos sejam cumpridos.
Caso a crise econômica se agrave, a OCDE aconselha uma série de reformas para o Brasil, como o estímulo à política monetária, que poderia ser acompanhada de incentivos fiscais, com garantias de consolidação fiscal no médio prazo, para garantir a sustentabilidade das finanças públicas e da Seguridade Social. O relatório recomenda às autoridades que simplifiquem o sistema fiscal e apostem em aplicar algum tipo de retenção nas relações de empregados e harmonizar os impostos sobre o valor agregado dos estados. Com relação à indústria, em vez de uma nova política, destaca a importância de medidas que reduzam de forma duradoura os custos de produção no Brasil, simplificando o sistema fiscal e desenvolvendo infraestruturas para diminuir o impacto dos transportes.

Construção mantém otimismo

A incerteza que preocupa outros setores da economia cearense parece não existir na indústria da construção civil. O fortalecimento do mercado imobiliário e o investimento em obras públicas deram fôlego ao setor em 2011, que já vinha de expansão nos anos anteriores. A expectativa é de manutenção do crescimento. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE), Roberto Sérgio Oliveira Ferreira, afirma que o setor espera um 2012 equivalente a 2011, com crescimento entre 5% e 5,5%. “Esse crescimento é, sem dúvida, uma grande vitória. O aumento esperado do PIB nacional é de cerca de 3,5% e estamos crescendo 2% acima”, comemora. O cenário positivo para a construção no Ceará deve permanecer também em 2013. “O biênio 2012-2013 deve trazer uma situação muito razoável”, avalia Roberto Sérgio.
Os investimentos públicos em infraestrutura e em mobilidade urbana, impulsionados pela realização da Copa do Mundo, devem colaborar para movimentar o setor de construção em 2012. “Se contarmos apenas as obras do estádio Castelão, de mobilidade urbana e do VLT (veículo leve sobre trilhos), os investimentos são da ordem de 1,5 bilhão de reais”, diz Roberto Sérgio. A construção civil cearense, principalmente em Fortaleza, também ganha força para o futuro com os financiamentos públicos ao setor de habitação, como o programa de financiamento habitacional da Caixa Econômica Federal (CEF) e o crédito imobiliário do Banco do Brasil (BB), de acordo com Roberto Sérgio. A tendência é nacional. A carteira de crédito imobiliário do BB atingiu 7,02 bilhões de reais em novembro, o que representa aumento de 105% em relação ao registrado em dezembro de 2010.
Em 1º de dezembro de 2011, o ministro Guido Mantega anunciou uma série de medidas com o objetivo de acelerar a economia. Para estimular o setor da construção, o governo elevou o valor para classificação de imóvel popular para ingresso no Regime Especial de Tributação (RET) de 75 000 reais para 85 000 reais, aplicável às incorporadoras imobiliárias.
As obras no Ceará do PAC colaboram para o aquecimento do setor da construção civil. Em relação aos próximos anos, Roberto Sérgio aponta como destaque as obras da terceira fase do Porto do Pecém, da estação de passageiros do Aeroporto Internacional Pinto Martins e da estação de passageiros do Porto do Mucuripe.
O Minha Casa, Minha Vida, programa de habitação do governo federal, é forte propulsor da construção civil em todo o país. Porém, Roberto Sérgio aponta que, no estado, o programa vem decaindo. “O Minha Casa, Minha Vida está diminuindo no Ceará, sobretudo em Fortaleza. A capital tem um déficit habitacional grande, mas tem o custo do terreno muito alto pela pequena área do município, o que dificulta a expansão do programa. Se houver expansão, é em Caucaia, Maracanaú e Aquiraz, municípios da região metropolitana de Fortaleza”, finaliza.

Impulso à mão de obra


A FIEC tem o importante desafio de impulsionar o crescimento do estado. O presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, destaca que a federação também tem seu “dever de casa” em 2012: atender à nova demanda de mão de obra especializada para a indústria, algumas delas de uso inédito no Ceará. “Temos de avançar para atender a essas demandas no setor de automação industrial e operacional. Só a siderúrgica, na sua implantação, vai precisar de 15 000 novos profissionais especializados. É papel da nossa federação treinar, preparar essa mão de obra e também a gestão. É necessário formar isso aqui. Ciente dessa necessidade, nosso dever de casa é muito forte e estamos preparados para isso”, destaca.
O cenário internacional, segundo Roberto Macêdo, ainda está obscuro. Ele acredita que vários cenários podem surgir, uma vez que não se sabe o desdobramento dos problemas que afetam os países em crise. “Não temos claro ainda como essas dívidas serão renegociadas, prorrogadas, e como ficarão os bancos que estão dando suporte. Então, como o Brasil depende muito de suas exportações, nós poderemos ter algum reflexo.” Apesar das incertezas resultantes do quadro internacional, ele mantém o otimismo: “O Brasil é um país que está ainda em construção, temos uma demanda interna não atendida fora de série, tanto na infraestrutura como no próprio consumo”.
Por conta do mercado interno, principalmente após o novo pacote de reduções fiscais do governo, o presidente da FIEC acredita que a economia deverá ter respostas muito favoráveis que compensarão os efeitos externos. “A economia poderá crescer 4% em 2012 e, este ano, ficar em torno de 3% no país, sendo o Ceará um pouco acima”, avalia.
Em relação ao nosso estado, Roberto Macêdo ressalta que há uma dupla oportunidade: “A implantação da siderúrgica e da refinaria. Temos também vários outros projetos que estão em maturação e, implantados, passarão a dar bons resultados”.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Métricas que ajudam a definir estratégias

Ferramentas de análise e controle de acesso online nas redes sociais ajudam empresas a profissionalizarem redes sociais corporativas

Avaliar a presença nas redes sociais se tornou essencial e há disponível no mercado diversos novos sistemas e plataformas de mensuração que priorizam dados qualitativos ao invés de métricas quantitativas tais como como números de seguidores ou registrados.

“O comportamento espontâneo dos usuários é o mais importante nas mídias sociais corporativas. Monitorar esse comportamento e responder o que estas pessoas esperam é o que gera valor para as empresas presentes nas redes”, explica Juliano Kimura, executivo da Gaia Creative.

A ferramenta que tem se disseminado mais rapidamente nesse contexto é o Klout, da empresa americana que permite que uma marca ou campanha de sua empresa seja analisada em termos do público que atinge e retorna ao cliente com dados sobre o número de pessoas influenciadas e quantas delas realmente ajudarão a “espalhar” a sua mensagem.

Essas e outras ferramentas permitem um grau de detalhamento fornecido a respeito do público que consome sua informação; o Klout, por exemplo, separa perfis em 16 diferentes categorias, com base no tipo de influência gerada, o que ajuda na definição de “networkers” inatos ou se o público atingido tenha um caráter mais informativo, mirando perfis como “broadcaster” ou “curadores”, além de outros perfis como “explorador”, “especialista” e “degustador”, que são apontados com base no tipo de relação que cada um possui com seus amigos, seguidores e leitores.

“Não importa se uma pessoa tem cem ou mil amigos, mas sim a relevância que representa para o seu público-alvo e o quanto e como suas mensagens podem influenciá-lo”, diz Kimura.

Segundo Joe Fernandez, CEO do Klout, em recente entrevista à revista Forbes, a ferramenta possui o potencial de se tornar tanto um padrão de avaliação de perfis de usuários e empresas quanto instrumentos de rating de financeiras para concessão de empréstimos e análises de ações em bolsa.

Vinculando sua marca

A Klout e outras dessas ferramentas, como Sysomos e as brasileiras Scup e Aceita ajudam empresas a localizar perfis e personalidades adequadas ao vínculo com suas marcas.

O twitter da Claro, por exemplo, vinculou sua marca na rede ao nome do jogador de futebol Ronaldo e hoje possui mais de dois milhões e meio de seguidores. Com essas novas ferramentas, é possível avaliar se o craque gera confiança em suas dicas para compra e consumo ou se as pessoas apenas seguem as marcas que ele representa para receber mais informações a respeito do próprio jogador.

Resumindo, tais métricas podem apontar falhas em uma estratégica que, sob a ótica meramente quantitativa, são bem-sucedidas.

Segundo Paula Marsilli, presidente do comitê de Métricas do Interactive Advertising Bureau (IAB), o mais importante é que a presença da marca nas redes tenha objetivos bem definidos para que seja possível definir e monitorar o tipo de métricas que se quer alcançar.

Investimento e limitações

Klout é uma ferramenta gratuita, mas em geral a maioria desses softwares e plataformas de monitoramento envolve o investimento de valores que variam entre 50 e 500 dólares, a depender do plano e volume de público envolvido. A maioria delas ajuda a decifrar detalhes sobre o modo que o público é influenciado, mesmo com algumas limitações, como diz Kimura: “não são capazes de detectar uma ironia, por exemplo”.

Entretanto, os dados coletados não possuem muita utilidade caso não sejam interpretados por profissionais preparados, que possam gerar conclusões a respeito desse monitoramento.

Confira outras ferramentas semelhantes:

Radian6
Trendrr
Social Mention
ScoutLabs
Alterian
Twitter Grader
Follower Wonk

Portal HSM
20/12/2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Redes sociais no trabalho: quais são os limites?

Por Edmar Bulla

É impressionante que 44% dos profissionais mais jovens no Brasil e em outros 13 países preferem ter livre acesso à internet para entrar nas redes sociais do que receber um salário alto. A pesquisa, conduzida pela Cisco Connected World Tecnology, entrevistou quase 3 mil pessoas e ainda descobriu que 74% dos brasileiros chegariam a recusar uma oferta de trabalho ou até mesmo acessar redes sociais como Twitter e Facebook escondidos caso fossem bloqueadas.

Pesquisa da Cisco na íntegra

Resolvemos então consultar os leitores do blog Sulfúrico e perguntar: "Sua empresa deixa você acessar as redes sociais no trabalho?". A maior parte afirmou poder acessar sem problemas seu Twitter ou Facebook, independentemente do dispositivo de acesso. No entanto, quase 40% ainda têm problemas com isso, seja por uma repressão velada, porque "não pega bem ficar acessando" ou o acesso é simplesmente "bloqueado" (20%). E isto nos leva a uma reflexão muito séria a respeito das relações de trabalho e sobre a revisão dos códigos de conduta nas organizações. Está claro que novos modelos de trabalho são urgentemente exigidos, de modo a reconfigurar estruturas, estabelecer novos parâmetros, limites e regras para os tempos digitais.
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Imagem: ThinkStock

Se as empresas costumam acusar questões de segurança, privacidade de dados, produtividade e dispersão como os principais fatores para limitar o acesso dos seus funcionários às redes sociais e, se em muitas cidades enfrentamos problemas críticos de congestionamento e segurança, por que não flexibilizar as relações e testar o home office, resolvendo assim dois problemas de uma única vez? É urgente que o home office seja muito mais estimulado em grandes cidades. Para citar somente um exemplo, o governo inglês, com o apoio da Microsoft, quer convencer pessoas a trabalharem de casa. Não só porque a situação está ficando insustentável ambientalmente, mas porque novos processos de trabalho precisam ser criados.
Decididamente, não podemos mais viver em escritórios que traduzem uma ambientação clássica de administração anterior à era digital, seja física ou mental. Além do mais, pensem que profissionais em home office podem ser mais felizes que os que trabalham no escritório, o que pode ajudar paralelamente as empresas. Somente para citar alguns benefícios, empresas que adotam o home office possuem funcionários mais produtivos, economia de espaço e corte de custos, gestão aprimorada de TI, redução de custos de manutenção de TI, ampla utilização dos serviços baseados na nuvem de computadores, sem falar na agilidade nos negócios e na tomada de decisões. Em suma, existe uma possibilidade gigantesca de redução de custos e de benefícios relacionados à qualidade de vida na adoção de uma nova forma de gerenciar pessoas e trabalhar chamada de home office.
Se considerarmos que um terço dos brasileiros leva mais de uma hora para chegar ao trabalho, de acordo com pesquisa CNI/Ibope e, além disso, em cidades com mais de 100 mil habitantes, 32% dos moradores levam mais de uma hora para percorrer o trajeto entre a casa e o trabalho, temos uma situação por si só insustentável e, novamente, o home office se encaixa como uma luva.
Se a barreira cultural pode ainda estar relacionada à mentalidade de executivos mais conservadores, precisamos acreditar que novas gerações estão começando a inovar, porém ainda com muita resistência. Já comentamos no blog que, em 2010, os primeiros representantes da chamada Geração Y completaram 30 anos. Em muitas organizações é possível perceber mudanças significativas. Em outras, no entanto, ainda enfrentamos mentalidades arcaicas que justificam que as redes sociais são perigo de produtividade e, por esse motivo, devem ser bloqueadas. E minha pergunta é: como bloquear canais nos quais o seu consumidor está se expressando e que podem ser pontos de contato fundamentais para estabelecer, intensificar, criar ou melhorar o relacionamento da sua marca com seus consumidores?
Em uma recente pesquisa feita pela Abril com jovens de 15 a 24 anos, 72% dos universitários brasileiros afirmaram que a web é mais importante que namorar e mostraram uma inseparável relação com seus gadgets, dispositivos móveis, laptops e, claro, as redes sociais. Considerando que são esses mesmos jovens que vão assumir os novos postos executivos em muitas organizações, vamos esperar e acreditar que toda a mudança necessária nas relações de trabalho e com o trabalho seja uma mera questão de tempo. Você acredita nisso?

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O profissional multifuncional


O profissional multifuncional
por Valdessara Bertolino*



A competitividade e a instabilidade nas organizações obrigam o profissional deste novo milênio a atuar multifuncionalmente.

O sonho de qualquer aluno universitário, até bem pouco tempo atrás, era concluir os estudos, especializar-se em sua área de formação e gozar dos prazeres de possuir um "diploma". Estes sonhos, no entanto, têm sido alterados pela necessidade da sobrevivência.

Com a estagnação do mercado em várias áreas, ficou impossível absorver toda mão-de-obra ofertada. E, para não serem atropelados pelo "tempo", muitos brasileiros tiveram de desenvolver outras atividades, acrescidas às suas competências técnicas específicas, apreendidas na graduação.

Alguns fugiram totalmente do sonho inicial.

Segundo dados recentes do Ministério do Trabalho, de cada 10 brasileiros com curso superior, sete exercem atividades diferentes das quais estudaram. Trata-se de uma nova tendência no mercado profissional, ligada aos avanços tecnológicos e à própria globalização.

Formar-se em curso superior não significa encerrar a carreira e estagnar. Precisamos repensar, pois nem todos os indivíduos estão preparados para acompanhar essas transformações e mudanças que o mundo do trabalho está exigindo.

O ambiente de trabalho, hoje, é extremamente competitivo e seletivo, fazendo com que o crescimento e os resultados de uma organização sejam obtidos à custa das competências pessoais, e não só de habilidades técnicas.

A sociedade requer profissionais "cidadãos", envolvidos com o todo e preocupados com resultados satisfatórios à comunidade global. O perfil do profissional do século 21 mudou e irá mudar muito mais, para acompanhar as exigências do mercado globalizado. Este é um processo muito dinâmico. Portanto, as oportunidades são diferentes e certamente direcionarão os rumos das novas formas de trabalho.

Além dos requisitos de polivalência e da multifuncionalidade, o indivíduo necessita ter flexibilidade, saber trabalhar em equipe, ser criativo e estar predisposto a aceitar mudanças e desafios constantes.

Este é um processo de formação e de aprendizado contínuo, onde é necessária a conscientização de que os valores são outros, exigindo, consequentemente, que se eliminem preconceitos e quebrem paradigmas, para enxergar as oportunidades e aumentar a visão do futuro.

A história nos revela momentos de mudança e quebra de absolutismos. A Revolução Industrial, por exemplo, que substituiu a força braçal pela máquina a vapor, possibilitou a entrada de mulheres nas fábricas, criando um novo cenário. O mesmo ocorreu com a revolução da informática, na qual a tecnologia digital empurrou as pessoas para a polivalência, sendo necessário e urgente aprender inglês e dominar, pelo menos, o "pacote Office". Com isso, surgiram novos espaços de trabalho ligados ao mercado da informação e empregos virtuais.

Logo, vemos que as profissões acompanham o processo histórico, ou seja, as grandes revoluções tecnológicas e científicas que marcam nossa época. Na há mais espaço para o profissional que pensa e age em "caixinhas", que se atém somente à sua especialidade.

Hoje, o profissional deve ser multifuncional, ter visão macro e agir integradamente. A multifuncionalidade não só é uma vantagem, mas uma meta que as empresas têm perseguido. E que até procuram incutir este perfil em seus funcionários. Ela é uma exigência do mercado de trabalho, considerando que o profissional deva ter muito mais do que só o desenvolvimento de tarefas e funções pertinentes ao cargo, mas, principalmente, a capacidade de apreender novos conhecimentos e estar preparado para oferecer soluções aos diversos problemas enfrentados pela organização.

O ser empregável deve expressar engajamento pessoal, demonstrando responsabilidade, lealdade e capacidade de tomar decisões, construindo o seu conhecimento. A história nos revela que Taylor e Ford nada mais fizeram do que dar vida a um princípio da economia clássica inglesa, em que Smith dizia que a especialização era um benefício para o desenvolvimento econômico. E exemplificou, com o célebre caso dos alfinetes.

Contudo, a forma de organização fixa fordista passou a enfrentar várias crises, devido às mudanças econômicas mundiais. Mas, é com o que se chamou de pós-industrialismo e, mais genericamente, o pós-modernismo, que se viu o modelo de especialização com sérios abalos. Os japoneses foram os pioneiros na instituição de uma forma de organização de produção - "toyotismo" - que substituiu a rigidez da linha de montagem pela flexibilização das linhas de produção.

Os operários passaram a ser especialistas em generalidades. Eles, além de se auto organizarem no espaço da fábrica, ainda detêm conhecimento sobre o processo inteiro de produção da mercadoria, pois as funções são permutáveis. Assim, já não existe o especialista em "apertar parafusos", mas o funcionário que constrói carros.

Com tudo isso, vemos que a polivalência e a multifuncionalidade são traços que as transformações das sociedades “transformaram” em exigência para a organização da vida social. Nada garante, contudo, a imutabilidade deste processo.



* Valdessara Bertolino é Doutoranda em Ciências Sociais, Mestre em Educação, Pós-Graduada em Tecnologia Educacional, Graduada em Direito e Secretariado, Professora e Coordenadora Universitária da Uninove (Centro Universitário Nove de Julho).